Estava à toa na vida e meu amor me chamou resolvi futricar na minha conta do Blogger e vi que ainda existem algumas almas vivas que visitaram recentemente o blog, mesmo minha última postagem tendo sido há dois anos atrás. Então me deu saudade de escrever e vim aqui contar um pouco de como tem sido minha vida pós Au Pair. Senta que lá vem história…
Bom, voltei ao Brasil no final de Setembro de 2012 e estamos em Março de 2014…quaaaaase dois anos depois, muita coisa aconteceu, algumas coisas mudaram outras nem tanto, mas a saudade da terrinha do Tio Sam continua a mesma.
No final do meu ano como Au Pair, a vida estava tão boa e tudo estava tão familiar por lá que não me via mais vivendo no Brasil. Tanto, que aconteceram altas conversas com meu namorado para tentar convencê-lo de ir para os EUA passar um tempo. Mas não rolou. Voltei por causa dele, da família e dos amigos. Não tinha saudade nenhuma das coisas que quando estamos aqui é normal, mas quando nos deparamos com outra realidade, tudo fica mais chocante.
Logo na esteira de bagagem assim que desembarquei em Guarulhos, percebi que estava no Brasil. Empurra-empurra, bagunça e eu toda perdida tentando pegar e proteger cada uma das minhas cinco malas. Nenhum ser teve a boa vontade de me oferecer ajuda a não ser um americano que estava tão perdido quanto eu! Chegando no Brasil, na minha terra e quem me ajuda é um americano! Pois é..
Peguei minhas malas e com toda dificuldade e atrapalhadice do mundo fui passar pela imigração brasileira. Cinco malas lotadas + mochila + carry on passando pelo raio X e eu já tremendo de medo. mas graças a Deus, deu tudo certo e lá fui eu mais atrapalhada ainda empurrando as cinco malas rumo à saída. E no meio daquela multidão de gente aguardando seus queridos, meu amor estava lá! Que sensação maravilhosa!! Não sabia se ria, chorava, empurrava as malas…foi patético, mas muito emocionante. Não dá para descrever em palavras a emoção que foi aquele reencontro. Muito muito amor e muita felicidade! Ele estava sozinho pois havíamos combinado de fazer surpresa para meus pais que achavam que eu iria voltar somente uma semana depois.
Aí, saindo do aeroporto, veio o choque número 2: o trânsito! Não o só o congestionamento, mas a estrada em si. Tudo parecia muito pequeno e apertado, e ainda tinham os motoqueiros se espremendo entre carros, ônibus e caminhões. Demorei uns 15 dias para me "acostumar" com o trânsito daqui. E mais ou menos um mês para voltar a dirigir.
Enfim, voltando à minha chegada. No mesmo dia, lembro que já fui fazer a progressiva, porque né? ninguém merece mais de um ano de raíz ruim gritando. Foi um alívio gigante. Depois logo em seguida, meu namorado foi me levar pra casa. Ligou para meu pai, inventando uma desculpa qualquer, só para garantir que todos estariam em casa. Ai que frio na barriga gente! Chegando em casa, me escondi no carro e o Cesar subiu primeiro deixando o portão aberto para mim. Quando vi que ele já tinha subido, cumprimentado meus pais e tal, resolvi entrar. De novo, impossível descrever a sensação de entrar na sua casa depois de tanto tempo. A cara dos meus pais de alegria foi impagável!!! Eles nem imaginavam que eu poderia pensar em fazer surpresa e quando me viram, até choraram de tanta emoção. Foi muito, muito bom! Sem contar, que tinha pão de mandioquinha feito pela minha mãe, além de bolo de cenoura, tudo que eu adoro! =) Parece que ela tinha adivinhado.
Bom, além de todas as emoções dos reencontros, que são muitas aliás, também passei pela fase dos choques de realidade. E meu Deus, foram muitos. Tudo parecia muito feio, as ruas, as casas e até as pessoas. A falta de educação do povo, os trens e metrôs lotados, a violência, o medo e claro, o preço absurdo de TUDO. As comparações são inevitáveis. Isso tudo foi muito difícil de digerir no início. Mas, claro, como em tudo na vida, a gente acaba se acostumando.
Eu me adaptei, porém não me acostumei com certas coisas que ainda me deixam muito revoltada. Mas isso é assunto para um outro dia.
Cheguei no Brasil cheia de gás e louca para trabalhar. Achava que o fato de eu ter morado fora, adquirido fluência no inglês e feito cursos, fossem contar muitos pontos a meu favor, tanto na área de formação (Comércio Exterior) quanto em Moda, onde sempre quis trabalhar. Doce engano. Vários currículos enviados e algumas entrevistas feitas e o resultado sempre o mesmo: ZERO. Tenho experiência na área, sou formada, tenho inglês, espanhol e toda a experiência nos EUA mostra que eu sou uma pessoa de fato pró-ativa, que aprende rápido, que corre atrás do que quer, que é responsável e comprometida, que se adapta a diferentes tipos de situações e ambiente. Não é querendo me gabar, mas realmente sou assim como profissional, quem me conhece sabe. Fiquei muito frustrada e tinha que fazer alguma coisa.
Como eu e minha família (mais precisamente meu pai) sempre quisemos iniciar um negócio, comecei a pesquisar estabelecimentos já em funcionamento, para comprarmos e administrarmos. Eis que surgiu uma oportunidade de uma loja que nos pareceu muito boa. Pesquisamos, pesquisamos, pensamos, pensamos e resolvemos arriscar. Trabalhei arduamente, passei poucas e boas com as cinco funcionárias que havia na loja e aos poucos vimos que não valeria a pena tanto desgaste inclusive entre família. Esse é um assunto extremamente delicado, só quem já teve ou tem um negócio familiar sabe que não é tão simples. Decidimos então vender a loja em menos de um ano que a compramos. Vendemos em Outubro de 2013 e desde então venho tentando me colocar novamente no mercado. Como não rolou nada ainda, consegui pelo menos uma vaga como professora de inglês no CNA, perto de casa, tranquilo, sexta e sábado somente. Não é nenhum salário sensacional, mas preciso sustentar pelo menos meus gastos básicos e dar aulas, tem seu lado muito divertido e recompensador. Estou gostando, so far.
Tirando meu lado profissional de lado, dois meses depois que voltei ao Brasil, no dia 04/12/2012, o Cesar me pediu em casamento!! Sim, ficamos noivos! =D Não foi nada de cinema, mas foi lindo e eu tive plena certeza de que tudo que passamos valeu a pena e que ele realmente é o cara certo.
Daí em diante, começamos as pesquisas, as listas e enfim a minha vida de noiva. Que por sinal é deliciosa e merece um capítulo à parte.
No início desse ano marcamos a nossa data e estamos correndo com todos os preparativos. O tempo voa e logo logo serei uma ex-au pair senhora casada!
Que mais? Ah sim, durante esse período pós EUA, fiz alguns cursos aqui no Brasil sensacionais que envolvem PNL (Programação Neurolinguística) e através dos quais, evoluí muito em diversos aspectos e recomendo fortemente à todos que queiram buscar melhores resultados através do auto conhecimento.
Acho que é isso resumidamente. Muitas coisas ainda estão por vir, muitos planos à serem colocados em prática, mas cada coisa à seu tempo. Agora o foco é trabalhar e organizar o casamento. E depois do casamento, vem a próxima etapa. E como disse no início, uma coisa que nunca mudou e só aumentou, foi a saudade dos EUA. Não sei se pelo fato de eu ter passado alguns períodos bem difíceis aqui e a vida lá ter sido muito boa no segundo semestre. Mas sei que sinto muita saudade de tudo lá. Dos lugares lindos à sensação de liberdade. Liberdade no sentido de que mesmo ganhando pouco, se tem acesso às coisas mais básicas (e não tão básicas assim). Ser pobre lá era mais legal do que ser classe média pagadora de impostos aqui. Aqui se trabalha muito, ganha-se pouco, paga-se muito imposto e não se vê retorno. A violência cada dia pior, o trânsito, o caos no transporte público e infinitos outros problemas que temos que engolir todos os dias aqui no Brasil, me deixam cada dia menos motivada a viver aqui. Tudo isso sempre existiu, mas sabe a velha frase "o mundo muda quando a gente muda"? Eu mudei muito e continuo mudando, assim como minhas percepções do mundo.
É isso por hoje!
Até mais ver.
Me passa seu e-mail? Gostaria de conversar com você sobre distância e namoro.
ResponderExcluirobrgiada!